Israel permitiu no domingo que cerca de 200 caminhões de ajuda começassem a entrar em Gaza através de Kerem Shalom, no extremo sudeste do enclave palestino, contornando a passagem próxima de Rafah, que está bloqueada há semanas.
Os envios de ajuda seguem um acordo entre o presidente dos EUA, Joe Biden, e o presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, na sexta-feira, para enviar ajuda temporariamente através da travessia.
Khaled Zayed, funcionário do Crescente Vermelho Egípcio, confirmou à Reuters que o comboio entraria no território palestino no domingo.
A Al Qahera News TV, afiliada estatal do Egito, compartilhou um vídeo na plataforma de mídia social X, mostrando o que dizia serem caminhões de ajuda quando entravam em Kerem Shalom, que antes do conflito atual era a principal estação de passagem comercial entre Israel, Egito e Gaza.
“É uma gota muito pequena no oceano, mas espero que seja um começo”, disse Aurélie Godard, líder da equipe médica dos Médicos Sem Fronteiras em Gaza, à CBC News. Ela disse que será difícil decidir como distribuir a ajuda em meio a um atraso de três semanas, que poderá levar as pessoas a lutar por suprimentos.
Israel está sob pressão crescente para levar mais ajuda a Gaza, depois de mais de sete meses de uma guerra que causou destruição generalizada e fome no enclave.
A passagem de Rafah, que durante a guerra foi o principal ponto de entrada em Gaza para ajuda humanitária e fornecimentos comerciais, está fechada há quase três semanas, desde que Israel assumiu o controlo do lado palestiniano da passagem, ao mesmo tempo que intensificou a sua ofensiva militar em a área em 6 de maio.
Israel nega restringir fluxos de ajuda
O Egipto tem estado cada vez mais alarmado com a perspectiva de um grande número de refugiados palestinianos entrarem no seu território vindos de Gaza e recusou-se a abrir o seu lado da passagem de Rafah.
Israel afirmou que não está a restringir os fluxos de ajuda e abriu novos pontos de passagem no norte, bem como coopera com os Estados Unidos, que construíram um cais flutuante temporário ao largo da costa central de Gaza para ajudar a acelerar a distribuição de suprimentos.
Enquanto isso, Israel manteve as operações em Rafah, apesar de uma ordem dada na sexta-feira pelo principal tribunal das Nações Unidas, o Tribunal Internacional de Justiça, para parar de atacar a cidade.
No domingo, ataques israelenses mataram pelo menos cinco palestinos em Rafah, segundo serviços médicos locais. Tanques israelenses sondaram os arredores da cidade, perto do principal ponto de passagem ao sul do Egito, mas ainda não entraram na cidade com força.
Israel diz que quer erradicar os combatentes do Hamas escondidos em Rafah e resgatar reféns que diz estarem detidos na área, mas o seu ataque piorou a situação dos civis e causou protestos internacionais.
Quase 36 mil palestinos foram mortos na ofensiva de Israel, afirma o Ministério da Saúde de Gaza. Israel lançou a operação depois que militantes liderados pelo Hamas atacaram comunidades do sul de Israel em 7 de outubro, matando cerca de 1.200 pessoas e fazendo mais de 250 reféns, segundo registros israelenses.